Esse fim de semana fui ao chá de panela de uma pessoa muito querida. Coloquei meu vestido mais meigo, fiz uma make super suave com cara de boa moça e me debandei para a casa da garota.
Chegando na festinha, encontrei o zum-zum-zum das meninas sobre a possível chegada de um go-go boy para animar o lugar.
Fiquei meio sem entender o motivo de tanto bafafá, mas como mulher é igual a abelha, me juntei as outras e comecei a me animar.
Depois de muitos coquetéis de fruta com leite condensado e vodka, foi solicitada minha ajuda para "falar" com o Bophe e explicar sobre a festinha e tudo mais.
Depois de muitos coquetéis de fruta com leite condensado e vodka, foi solicitada minha ajuda para "falar" com o Bophe e explicar sobre a festinha e tudo mais.
Animada como sou, falei com a atração da festa e aguardei sua chegada na frente do prédio. Agora vamos devagar...
Meio sem saber o que estava esperando me surpreendi quando desceu do táxi um garoto humilde de no máximo 20 anos bem malhado e super educado. Subimos imediatamente para o banheiro do prédio e começamos a conversar sobre sua participação.
Explicamos que a festa era um chá de panela e que a mãe e as tias da noiva estavam na festa. O garoto prontamente perguntou até onde poderia ir com as brincadeiras e vestiu a sua sunga de trabalho para que a gente pudesse conferir o tamanho do material. Tudo muito profissional e tranquilo.
Foi então que tomei consciência do absurdo da situação. Eu estava negociando e discutindo objetivamente o corpo do rapaz para nos entreter. Não me reconheci.
Pior, observei minha capacidade de vislumbrar outro ser-humano apenas como mercadoria, usufruindo do triste espetáculo por ele apresentado e desrespeitando, principalmente, sua condição de indivíduo. De "ser" desejante.
Pior, observei minha capacidade de vislumbrar outro ser-humano apenas como mercadoria, usufruindo do triste espetáculo por ele apresentado e desrespeitando, principalmente, sua condição de indivíduo. De "ser" desejante.
O desejo era coletivo. Nós mulheres estávamos reunidas apenas preocupadas com nossa diversão. Me senti na Roma antiga. Me banqueteando no Coliseu e assistindo aos espetáculos realizados pelos escravos.
Medo. Reconheci meu lado sombrio tão próximo do meu desejo, que pensei comigo o que é aceitável ? Agora entendo perfeitamente a relação dos homens com as mulheres submissas. ´
É fácil. Chega a ser aterrorizante.
Hoje eu não fui feminina. Hoje eu participei de uma festa do Deus Baco e me esbaldei no espetáculo da beleza do corpo daquele rapaz.
Becca.
Becca.