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9 de agosto de 2011

Memórias de um Chá de panela

Esse fim de semana fui ao  chá de panela de uma pessoa muito querida. Coloquei meu vestido mais meigo, fiz uma make super suave com cara de boa moça e me debandei para a casa da garota. 

Chegando na festinha, encontrei o zum-zum-zum das meninas sobre a possível chegada de um go-go boy para animar  o lugar.

Fiquei meio sem entender o motivo de tanto bafafá, mas como mulher é igual a abelha, me juntei as outras e comecei a me animar.

Depois de muitos coquetéis de fruta com leite condensado e vodka, foi solicitada minha ajuda para "falar" com o Bophe e explicar sobre a festinha e tudo mais.

Animada como sou, falei com a atração da festa e aguardei sua chegada na frente do prédio. Agora vamos devagar...

Meio sem saber o que estava esperando me surpreendi quando desceu do táxi um garoto humilde de no máximo 20 anos bem malhado e super educado. Subimos imediatamente para o banheiro do prédio e começamos a conversar sobre sua participação.

Explicamos que a festa era um chá de panela e que a mãe e as tias da noiva estavam na festa. O garoto prontamente perguntou até onde poderia ir com as brincadeiras e vestiu a sua sunga de trabalho para que a gente pudesse conferir o tamanho do material. Tudo muito profissional e tranquilo.

Foi então que tomei consciência do absurdo da situação. Eu estava negociando e discutindo objetivamente o corpo do rapaz para nos entreter. Não me reconheci.

 Pior, observei minha capacidade de vislumbrar  outro ser-humano apenas como mercadoria, usufruindo do triste espetáculo por ele apresentado e desrespeitando, principalmente, sua condição de indivíduo. De "ser" desejante.

O desejo era coletivo. Nós mulheres estávamos reunidas apenas preocupadas com nossa diversão. Me senti na Roma antiga. Me banqueteando no Coliseu e assistindo aos espetáculos realizados pelos escravos.

Medo. Reconheci meu lado sombrio tão próximo do meu desejo, que pensei comigo o que é aceitável ? Agora entendo perfeitamente a relação dos homens com as mulheres submissas. ´

É fácil. Chega a ser aterrorizante.

Hoje eu não fui feminina. Hoje eu participei de uma festa do Deus Baco e me esbaldei no espetáculo da beleza do corpo daquele rapaz.

Becca.